Trinta anos depois de um dos casos mais enigmáticos e dolorosos de Portugal, o nome de Rui Pedro Teixeira Mendonça voltou a dominar as manchetes. O menino de Lousada, desaparecido em 1998, tornou-se símbolo de dor, esperança e mistério para todo o país.

Nos últimos dias, as redes sociais e os meios de comunicação voltaram a incendiar-se com uma notícia inacreditável: um jovem apareceu, afirmando ser Rui Pedro, e apresentou o que chama de “provas irrefutáveis” de ADN que supostamente o ligam à família Teixeira.

A história começou quando o jovem, identificado apenas como “Miguel R.”, entrou em contacto com as autoridades e com um jornalista independente, alegando ter crescido em Espanha sob outra identidade. Segundo ele, só recentemente descobriu o seu passado através de documentos antigos e de um exame genético.

Fontes próximas à família Teixeira confirmaram que uma nova amostra de ADN foi enviada para análise ao Laboratório de Polícia Científica. O resultado preliminar indicaria “compatibilidade parcial”, reacendendo a esperança de uma verdade há muito adormecida.
Filomena Teixeira, mãe de Rui Pedro, reagiu com uma mistura de emoção e cautela. “O meu coração quer acreditar, mas a minha cabeça diz-me para esperar”, declarou entre lágrimas à imprensa, recordando os 27 anos de busca incansável pelo filho.
O caso Rui Pedro é um dos mais longos e mediáticos da história portuguesa. O menino desapareceu a 4 de março de 1998, quando tinha apenas 11 anos, em Lousada. Desde então, múltiplas pistas surgiram, mas nenhuma conduziu a uma conclusão definitiva.
Durante anos, a principal linha de investigação centrou-se em Afonso Dias, último homem visto com Rui Pedro. Apesar de ter sido condenado por “rapto de menor” em 2012, nunca foi provada a ligação direta ao desaparecimento. O silêncio e as dúvidas mantiveram o caso vivo na memória coletiva.
Agora, a súbita aparição deste jovem e as “novas provas de ADN” parecem ter reaberto feridas e esperanças ao mesmo tempo. Muitos portugueses perguntam-se: será possível que Rui Pedro tenha sobrevivido todos estes anos sem ser encontrado?
Especialistas em genética forense pedem prudência. “Uma compatibilidade parcial não é suficiente para confirmar a identidade. É necessário um cruzamento completo de perfis genéticos e, preferencialmente, uma segunda análise independente”, explicou o perito João Malheiro ao Correio da Manhã.
Enquanto isso, a polícia mantém discrição total sobre o avanço das investigações. Fontes anónimas indicam que novas diligências estão em curso, incluindo a análise de registos hospitalares e de fronteira entre Portugal e Espanha nos anos 90.
Nas redes sociais, a notícia espalhou-se como fogo. Milhares de internautas expressaram esperança e emoção, enquanto outros levantaram dúvidas sobre a autenticidade da história. “Se for verdade, será o milagre que o país esperava”, escreveu uma utilizadora no X (antigo Twitter).
Os jornalistas que acompanham o caso desde o início descrevem este momento como “um ponto de viragem”. O repórter Luís Maia, que entrevistou Filomena Teixeira em 2001, afirmou: “Ela nunca desistiu. Mesmo quando tudo parecia perdido, continuava a acreditar que o filho voltaria.”
Entretanto, o advogado da família confirmou que nenhuma decisão será tomada antes de receber o relatório final do Instituto Nacional de Medicina Legal, previsto para as próximas semanas. “Não queremos falsas esperanças. Só queremos a verdade, qualquer que seja”, declarou.
O jovem “Miguel R.” foi submetido a várias entrevistas psicológicas e de verificação factual. Segundo fontes policiais, ele recorda detalhes do bairro de Lousada e menciona nomes de familiares com precisão surpreendente — algo que aumenta ainda mais o mistério.
Contudo, alguns investigadores lembram que, ao longo das décadas, várias pessoas já se apresentaram afirmando ser Rui Pedro, e todas acabaram desmentidas após exames genéticos. A dor e a curiosidade pública tornaram este caso alvo de inúmeras especulações.
A cada revelação, a imagem do pequeno Rui Pedro de olhos vivos e sorriso inocente volta a circular. Ele tornou-se símbolo de todas as crianças desaparecidas em Portugal, e o caso é frequentemente citado em programas sobre justiça e memória coletiva.
Se as provas se confirmarem, esta poderá ser a reviravolta mais emocionante da história judicial portuguesa. Caso contrário, será mais um capítulo doloroso de uma ferida que nunca cicatrizou completamente.
Para Filomena, o tempo parece ter parado em 1998. “Não quero vingança. Só quero abraçar o meu filho, mesmo que seja apenas em sonhos”, confessou num documentário recente sobre desaparecimentos infantis.
Enquanto a nação aguarda os resultados finais, uma pergunta ecoa no coração de todos: e se Rui Pedro realmente voltou? O país inteiro observa, entre esperança e medo, o desenrolar de uma história que, quase três décadas depois, continua a emocionar e a dividir opiniões.