O mundo da Fórmula 1 foi abalado por uma notícia chocante em 9 de julho de 2025: Christian Horner, figura-chave na Red Bull Racing desde sua criação em 2005, foi dispensado de suas funções com efeito imediato. Após duas décadas marcadas por oito títulos de pilotos e seis de construtores, a equipe austríaca decidiu virar a página, nomeando Laurent Mekies, ex-diretor da Racing Bulls, como seu novo chefe. Em sua primeira entrevista como CEO da Red Bull Racing, o francês revelou sua principal prioridade: restaurar a unidade e a competitividade da equipe antes da revolução técnica de 2026. Essa mudança ocorre em meio a tensões internas, desempenhos instáveis e especulações sobre o futuro do tetracampeão mundial Max Verstappen.

A demissão de Horner, oficializada após uma reunião crucial em Londres entre o CEO da Red Bull, Oliver Mintzlaff, o consultor especial Helmut Marko e os principais acionistas, foi uma surpresa para o paddock. Segundo fontes, Horner foi informado de sua demissão em 8 de julho, durante uma reunião em uma suíte de hotel, decisão ratificada por Chalerm Yoovidhya e Mark Mateschitz após meses de tensão. Os motivos da demissão são inúmeros: desempenho decepcionante do RB21, saídas importantes como a de Adrian Newey para a Aston Martin e conflitos internos exacerbados pelo escândalo de má conduta de 2024, embora Horner tenha sido inocentado de qualquer irregularidade. A equipe, quarta colocada no campeonato de construtores em 2025, está lutando para competir com a McLaren, e o carro em segundo lugar, pilotado por Yuki Tsunoda, não marcou pontos significativos.
Laurent Mekies, um engenheiro de 48 anos formado na Ferrari, herda uma tarefa colossal. Em entrevista ao Motorsport.com, ele disse: “Meu principal objetivo é trazer a harmonia de volta à equipe e lançar as bases para 2026”. Esse ano marcará um ponto de virada com a introdução de novos motores V6 turbo híbridos e uma distribuição de potência mais equilibrada, um desafio que a Red Bull está enfrentando como fornecedora de motores de pleno direito da Ford. Mekies, ciente das expectativas, insiste na necessidade de “reconstruir uma unidade de liderança clara” para superar as divisões internas que enfraqueceram a equipe. As tensões entre Horner e a comitiva de Verstappen, particularmente seu pai, Jos, contribuíram para uma atmosfera tóxica, amplificada pelas saídas de figuras-chave como Jonathan Wheatley, agora na Sauber.
A questão do futuro de Max Verstappen está no centro das preocupações. O holandês, que elogiou Horner nas redes sociais por seus “sucessos memoráveis”, não confirmou seu compromisso com a Red Bull para 2026. Rumores persistentes apontam para sua chegada à Mercedes, onde Toto Wolff teria recebido autorização para negociar sua chegada. Mekies, em suas primeiras declarações, enfatizou a importância de “criar um ambiente onde Max possa continuar a se destacar”. Verstappen, terceiro no campeonato de pilotos apesar de um carro pouco competitivo, continua sendo o pilar da equipe, mas sua comitiva parece querer garantias sobre a direção futura. Mekies, portanto, terá que convencer o campeão a ficar, enquanto restaura a competitividade do segundo carro, uma fraqueza gritante em 2025.
Para enfrentar esses desafios, Mekies está apostando em uma abordagem colaborativa. “Precisamos aproveitar a expertise dos nossos engenheiros e trabalhar em estreita colaboração com a Ford até 2026”, disse ele. A chegada de Alan Permane ao comando da Racing Bulls, a equipe irmã, permitirá que Mekies se concentre totalmente na Red Bull Racing. Ele também planeja fortalecer a organização após as saídas de Oliver Hughes (diretor de marketing) e Paul Smith (diretor de comunicação), que eram próximos de Horner. Essas mudanças, embora abruptas, refletem o desejo dos acionistas de recomeçar.
As emoções ainda estão à flor da pele em Milton Keynes, onde Horner fez um emocionante discurso de despedida, aplaudido de pé pela equipe. “É um choque, mas uma oportunidade de seguir em frente”, comentou Mekies, que admitiu que suceder Horner “parece irreal”. As atenções agora se voltam para o Grande Prêmio da Hungria, onde Mekies fará sua estreia oficial. Sua capacidade de unir a equipe e lançar as bases para 2026 será analisada de perto. Em um esporte onde cada detalhe conta, o francês terá que provar que pode levar a Red Bull de volta ao topo, mantendo Verstappen no ranking. A era pós-Horner promete ser uma aposta ousada para uma equipe em busca de renovação.