O presidente Luiz Inácio Lula da Silva causou grande repercussão ao declarar, em entrevista recente, que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrentaria graves consequências legais se suas ações durante a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, tivessem ocorrido no Brasil. Em uma fala contundente, Lula afirmou que, caso Trump fosse brasileiro, ele estaria sendo julgado por violar a Constituição e correria o risco de ser preso devido ao impacto de suas ações na democracia. A declaração, feita durante uma entrevista à Record TV no dia 10 de julho de 2025, foi uma resposta direta às críticas de Trump à Justiça brasileira, especialmente em relação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

A invasão do Capitólio, um evento que chocou o mundo, ocorreu quando apoiadores de Trump invadiram a sede do Congresso dos Estados Unidos, em Washington, D.C., na tentativa de interromper a certificação da vitória eleitoral de Joe Biden. O incidente, que resultou em cinco mortes e 174 policiais feridos, foi amplamente condenado como um ataque à democracia. Segundo Lula, as ações de Trump, que incluíram discursos inflamados e alegações sem provas de fraude eleitoral, seriam equivalentes a uma afronta direta à ordem constitucional brasileira. “Eles têm que respeitar a Justiça brasileira, como eu respeito a americana. Se o que Trump fez no Capitólio ele tivesse feito aqui no Brasil, ele estaria sendo processado como Bolsonaro e arriscava a ser preso, porque feriu a democracia, porque feriu a Constituição”, declarou o presidente.

A comparação feita por Lula entre o caso do Capitólio e os eventos de 8 de janeiro de 2023 no Brasil, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, reforça a gravidade com que o governo brasileiro encara tentativas de subversão da ordem democrática. No Brasil, Bolsonaro enfrenta acusações de conspirar contra o Estado democrático de direito, com evidências que incluem a elaboração de um documento propondo estado de sítio e a prisão de ministros do STF. Lula destacou a autonomia do Poder Judiciário brasileiro, enfatizando que não interfere nas decisões do STF, que julga Bolsonaro e outros envolvidos no 8 de janeiro. “Aqui no Brasil, quem estabelece as regras é o Brasil”, afirmou, rechaçando qualquer tentativa de ingerência externa.
A declaração de Lula também foi motivada por uma carta recente de Trump, na qual o presidente dos EUA criticou o julgamento de Bolsonaro, chamando-o de “caça às bruxas” e ameaçando impor tarifas comerciais de 50% sobre produtos brasileiros. Trump, que assumiu a presidência dos EUA em 20 de janeiro de 2025, após vencer as eleições de 2024, defendeu Bolsonaro, a quem descreveu como um líder respeitado. Lula, por sua vez, classificou a intromissão de Trump como “inaceitável” e anunciou que o Brasil poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) caso as tarifas sejam implementadas, além de considerar medidas de reciprocidade econômica.
Nos Estados Unidos, Trump enfrenta investigações relacionadas ao ataque ao Capitólio, mas sua reeleição em 2024 levou ao arquivamento de dois processos federais, incluindo um sobre a tentativa de subverter as eleições de 2020. O procurador especial Jack Smith, responsável pelas investigações, afirmou que havia evidências suficientes para uma condenação, mas a Constituição americana proíbe o julgamento de um presidente em exercício. No Brasil, a situação é diferente: a legislação não prevê imunidade para ex-presidentes em casos de crimes contra a democracia, o que reforça a afirmação de Lula sobre as consequências que Trump enfrentaria.
A fala de Lula gerou reações polarizadas. Nas redes sociais, apoiadores do presidente brasileiro elogiaram sua postura em defesa da soberania nacional, enquanto críticos, incluindo aliados de Bolsonaro, acusaram-no de politizar o Judiciário. Um usuário no X ironizou: “Se fosse assim, o MST também estaria na cadeia”, referindo-se a movimentos sociais próximos ao governo. A controvérsia reacende o debate sobre a proteção da democracia em tempos de polarização global, com o Brasil se posicionando como um país que não tolera ataques às suas instituições. Enquanto o mundo observa as tensões entre Lula e Trump, a mensagem do presidente brasileiro é clara: a Justiça deve prevalecer, independentemente de quem seja o acusado.