A temporada 2025 da Fórmula 1 tem sido um desafio para Lewis Hamilton em sua estreia pela Ferrari, mas uma reviravolta recente colocou o heptacampeão no centro das atenções. Após um início de ano marcado por dificuldades com o SF-25, Hamilton revelou, em uma entrevista explosiva após o Grande Prêmio da Bélgica, que ajustes na direção hidráulica e na suspensão do carro, inspirados em seu estilo de pilotagem, foram cruciais para melhorar o desempenho da equipe. Mais surpreendente ainda, ele apontou que as configurações herdadas de Carlos Sainz, seu antecessor, contribuíram para os problemas do carro, gerando uma polêmica que agitou o paddock.

Desde sua chegada à Ferrari, Hamilton enfrentou um cenário complicado. O SF-25, descrito como um projeto completamente novo em relação ao carro de 2024, trouxe inovações como a suspensão dianteira pull-rod, inspirada em Red Bull e McLaren, mas apresentou dificuldades de equilíbrio, especialmente em curvas de alta velocidade e condições de chuva. O britânico, acostumado ao comportamento previsível dos carros da Mercedes, relatou problemas com o freio motor e a direção hidráulica, que não se alinhavam ao seu estilo. Em testes de pré-temporada no Bahrein, Hamilton chegou a dizer que estava “se entrosando aos poucos” com o carro, mas os resultados iniciais foram decepcionantes, com apenas um quarto lugar no GP da Áustria como destaque até julho.
A virada veio após testes privados em Mugello, onde a Ferrari trabalhou intensamente na suspensão traseira e na calibragem da direção. Hamilton, que não costuma participar de testes privados, foi peça-chave nesse processo, colaborando com o novo diretor técnico, Loïc Serra, ex-Mercedes. Segundo fontes, a equipe adaptou a pista para simular freadas bruscas e curvas de baixa velocidade, corrigindo o comportamento instável do SF-25. O heptacampeão destacou que as mudanças na direção hidráulica, ajustada para responder melhor às suas preferências, foram fundamentais. “O carro finalmente está respondendo aos meus comandos”, afirmou Hamilton após terminar em terceiro no GP da Bélgica, seu melhor resultado na temporada até agora.

No entanto, a declaração mais polêmica veio quando Hamilton sugeriu que o acerto do carro no início da temporada, fortemente influenciado pelas configurações de Carlos Sainz, foi um obstáculo significativo. “O carro estava configurado de uma maneira que não funcionava para mim. Era um acerto que vinha do ano passado, mas que não aproveitava o potencial do SF-25”, disse ele, sem citar diretamente Sainz, mas deixando claro o contraste com as escolhas do espanhol. Sainz, agora na Williams, havia comentado anteriormente que Hamilton precisava “reaprender 15 ou 20 coisas” para se adaptar à Ferrari, apontando a complexidade do freio motor e do equilíbrio aerodinâmico. A indireta de Hamilton, porém, sugere que as escolhas de Sainz, focadas em explorar a parte dianteira do carro, levaram o SF-25 a um beco sem saída, comprometendo o desempenho em pistas de alta exigência.
A crítica de Hamilton gerou reações mistas. Charles Leclerc, que também enfrentou dificuldades com o SF-25, mas se adaptou melhor devido à sua longa experiência com a Ferrari, defendeu o trabalho da equipe. “Cada piloto tem seu estilo, e o carro precisava de ajustes para ambos”, disse o monegasco, que conquistou três pódios nas últimas quatro corridas. Já Frédéric Vasseur, chefe da Ferrari, minimizou a polêmica, destacando que o foco agora é o campeonato de construtores, onde a equipe busca o segundo lugar. “Estamos aprendendo com os dois pilotos e evoluindo o carro”, afirmou Vasseur.
A Ferrari também enfrentou problemas estruturais com o SF-25, como a altura de condução, que resultou na desclassificação de Hamilton no GP da China devido ao desgaste excessivo do skid-block. A equipe adotou a técnica de “lift and coast” para proteger o assoalho, mas isso comprometeu a velocidade em retas. As atualizações recentes, porém, parecem ter resolvido parte dessas questões, com Hamilton elogiando o progresso em Spa-Francorchamps.
A polêmica reacende o debate sobre a adaptação de Hamilton à Ferrari e sua rivalidade interna com Leclerc, que lidera o confronto direto em 2025. Enquanto o britânico trabalha para moldar o carro de 2026 com seu “DNA”, como ele mesmo afirmou, o GP da Bélgica marcou um ponto de inflexão. A pergunta agora é se Hamilton conseguirá transformar essas mudanças em vitórias, ou se a sombra de Sainz e as críticas de nomes como Johnny Herbert, que o chamou de “vergonha” para a Ferrari, continuarão a assombrá-lo.