O Grande Prêmio do Bahrein de 2025, quarta etapa da temporada de Fórmula 1, trouxe à tona uma narrativa intrigante no paddock: a Ferrari, em busca de recuperação após um início de ano decepcionante, introduziu um pacote de atualizações significativas na sua SF25, mas os resultados dividiram opiniões entre seus pilotos, Lewis Hamilton e Charles Leclerc. Enquanto Leclerc celebrou um segundo lugar na corrida, conquistando seu primeiro pódio da temporada, Hamilton terminou em sétimo, expressando frustração com o desempenho do carro. O que explica essa discrepância? Vamos explorar os detalhes dessa saga que mantém a Scuderia no centro das atenções.

A Ferrari chegou a Sakhir sob pressão. Após três corridas difíceis, com a equipe na quinta posição do campeonato de construtores, a expectativa era que as novas peças – um assoalho redesenhado, um difusor revisado e ajustes na asa traseira – trouxessem a virada tão aguardada. A pista do Bahrein, palco dos testes de pré-temporada, oferecia uma oportunidade única para comparar dados e avaliar o progresso. Frédéric Vasseur, chefe da equipe, foi cauteloso, mas otimista: “Não esperamos milagres, mas essas mudanças são um passo na direção certa.” No sábado, a classificação parecia confirmar o potencial: Leclerc garantiu a segunda posição no grid, apenas 0,127 segundos atrás da pole de Oscar Piastri, enquanto Hamilton largou em nono, prejudicado por um erro na Curva 10.
Na corrida, as diferenças entre os pilotos ficaram evidentes. Leclerc, largando na primeira fila, manteve-se competitivo, duelando com George Russell e Piastri. Sua estratégia de pneus médio-duro, embora arriscada, permitiu-lhe gerenciar bem o desgaste no asfalto abrasivo de Sakhir, garantindo o pódio. Após a prova, o monegasco estava radiante: “Este resultado mostra que estamos no caminho certo. O carro respondeu bem às atualizações, e sinto que podemos brigar mais à frente.” Hamilton, por outro lado, enfrentou dificuldades. Preso no tráfego após uma largada conservadora, ele lutou com a falta de ritmo em setores de alta velocidade e sofreu com a degradação dos pneus. “O carro ainda não está onde queremos. Há potencial, mas precisamos destravar mais desempenho”, disse o heptacampeão, visivelmente desapontado.
As atualizações da Ferrari foram ambiciosas. O novo assoalho, com cercas verticais reformuladas e uma borda dianteira otimizada, visava aumentar o downforce e melhorar o fluxo de ar sob o carro. O difusor reprojetado e a “cauda de barco” remodelada buscavam maior estabilidade na traseira, enquanto a asa traseira ajustada prometia eficiência aerodinâmica. No entanto, especialistas apontam que o sucesso dessas mudanças depende muito do estilo de pilotagem. Leclerc, conhecido por sua precisão em curvas de média velocidade, pareceu extrair o máximo do novo pacote, especialmente nas seções técnicas do circuito. Hamilton, acostumado a carros com maior estabilidade em retas, ainda não encontrou o equilíbrio ideal, o que pode explicar sua dificuldade em acompanhar o ritmo do companheiro.
A divisão entre os pilotos reacende o debate sobre a direção técnica da Ferrari. Em 2024, a equipe terminou como vice-campeã de construtores, apenas 14 pontos atrás da McLaren, mas optou por revolucionar o SF25, introduzindo 99% de peças novas, incluindo uma suspensão dianteira pull-rod. A aposta era arriscada: o SF24 tinha limitações aerodinâmicas, mas oferecia consistência. O novo carro, embora projetado para maior potencial, enfrenta problemas de adaptação, especialmente em condições de calor como as do Bahrein, onde a gestão de pneus é crucial. O engenheiro Loïc Serra admitiu que o déficit de 30 milissegundos em relação aos líderes em 2024 motivou a abordagem agressiva, mas os resultados até agora são mistos.
Nos bastidores, a dinâmica entre Hamilton e Leclerc também chama atenção. Leclerc, pilar da equipe desde 2019, parece confortável com as mudanças, enquanto Hamilton, em sua primeira temporada com a Ferrari, ainda busca sintonia com o carro. Posts no X sugerem que o britânico estaria pressionando por ajustes mais alinhados ao seu estilo, mas a Ferrari nega qualquer favoritismo. Vasseur reforçou a unidade da equipe: “Ambos os pilotos estão trabalhando juntos para nos levar ao topo. As diferenças são normais em um processo de evolução.”
O GP do Bahrein também revelou o cenário competitivo. A McLaren, com Piastri vencendo e Norris em terceiro, consolidou sua liderança, enquanto a Red Bull, apesar dos problemas de Verstappen, segue na briga. Para a Ferrari, o pódio de Leclerc é um alívio, mas a sétima posição de Hamilton expõe as fragilidades do SF25. A próxima etapa, na Arábia Saudita, será um teste crucial. Jeddah, com suas retas longas e curvas rápidas, exigirá mais velocidade de ponta, algo que Hamilton destacou como uma fraqueza atual. Se a Ferrari conseguir harmonizar o desempenho entre seus pilotos, poderá desafiar os líderes. Caso contrário, a divisão interna pode custar caro.
Essa dualidade entre esperança e frustração mantém a Ferrari no centro do palco. Leclerc vê o copo meio cheio, enquanto Hamilton cobra melhorias. A temporada de 2025, com suas rivalidades intensas e mudanças regulamentares à vista para 2026, promete ser um divisor de águas para Maranello. Será que a Scuderia conseguirá unir seus talentos e voltar ao topo? Os tifosi aguardam ansiosos pelo próximo capítulo.