O Grande Prêmio de Mônaco de 2025 prometia ser uma revolução nas ruas estreitas e glamourosas do Principado, mas o que se viu foi uma onda de críticas e frustrações entre os pilotos. A nova regra da Fórmula 1, que exige duas paradas obrigatórias e o uso de três compostos de pneus diferentes, foi implementada com o objetivo de aumentar a emoção e a competitividade em um circuito onde as ultrapassagens são quase impossíveis. No entanto, a mudança gerou polêmica, com pilotos como Max Verstappen, Carlos Sainz e George Russell expressando descontentamento, alguns até comparando a corrida ao videogame Mario Kart. Mas o que deu errado? E por que os pilotos estão tão insatisfeitos? Vamos mergulhar no caos estratégico que marcou o GP de Mônaco de 2025.

O circuito de Mônaco, conhecido por sua história e glamour, é também infamous por suas corridas monótonas. Em 2024, os dez primeiros colocados terminaram na mesma ordem em que largaram, um reflexo da dificuldade de ultrapassagem em um traçado de apenas 3,4 km, agravada pelo tamanho e peso dos carros modernos da Fórmula 1. Para combater o “ritmo lento” e as corridas “chatas”, a FIA introduziu uma regra específica para 2025: todos os pilotos devem realizar pelo menos duas paradas nos boxes, utilizando três jogos de pneus, sendo dois de compostos diferentes em condições secas. A ideia era forçar estratégias mais dinâmicas, com pit stops desempenhando um papel crucial na disputa.
A Pirelli, fornecedora oficial de pneus, apoiou a mudança, prevendo que a obrigatoriedade de paradas abriria oportunidades para pilotos que largassem mais atrás, aproveitando momentos de ar limpo. Charles Leclerc, vencedor em 2024 e herói local, inicialmente elogiou a regra, afirmando que ela traria “mais ação e imprevisibilidade”. No entanto, a realidade na pista foi bem diferente, e a nova regulamentação acabou expondo brechas que permitiram táticas questionáveis, frustrando pilotos e equipes.
A nova regra, ao invés de promover disputas, abriu espaço para estratégias que muitos pilotos classificaram como “manipulação”. Equipes como Racing Bulls e Williams usaram táticas como reduzir intencionalmente o ritmo de um de seus pilotos para beneficiar o outro, segurando o pelotão e garantindo vantagens nos pit stops. Carlos Sainz foi um dos mais vocais, criticando a situação: “Isso é algo que eu não gosto e não gosto de ver. Infelizmente, Liam Lawson fez isso primeiro conosco, e nós tivemos que fazer o mesmo com o resto do grid. Estou muito desgostoso com esta corrida e, na verdade, com o esporte em geral. Não corremos uma corrida, fizemos o que quisemos.”
Max Verstappen, que terminou em quarto lugar, foi igualmente contundente. Ele comparou a corrida a Mario Kart, ironizando a falta de ultrapassagens e a dependência de estratégias artificiais: “Você não consegue ultrapassar aqui, não importa o que faça. Uma parada, dez paradas. No fim, eu estava na liderança, meus pneus estavam destruídos, e ainda assim você não passa. Estamos quase fazendo Mario Kart.” Verstappen, que fez apenas uma parada e foi forçado a entrar nos boxes na última volta, destacou como a regra não resolveu o problema fundamental de Mônaco: a impossibilidade de ultrapassagens.
George Russell, da Mercedes, também expressou sua frustração, sugerindo, com ironia, a introdução de “sprinklers” na pista para adicionar imprevisibilidade, como em um jogo. “Todos os pilotos teriam um botão para ativar sprinklers, só uma vez no fim de semana. Isso apimentaria as coisas,” disse ele, antes de adotar um tom mais sério, lamentando que “Mônaco não é realmente uma corrida.”
A insatisfação não se limitou aos pilotos. Toto Wolff, chefe da Mercedes, defendeu a criação de regras específicas para Mônaco a partir de 2026, como limitar o quanto um piloto pode reduzir o ritmo em relação aos líderes. “Mesmo sem paradas, Mônaco seria espetacular, mas o que importa é a classificação. Precisamos de regras que evitem essas manipulações,” afirmou Wolff. Bernie Collins, comentarista da Sky Sports F1, explicou que a natureza do circuito permite que pilotos gerenciem o ritmo para preservar pneus, o que torna a obrigatoriedade de paradas menos eficaz do que o esperado.
Andrew Shovlin, diretor de engenharia da Mercedes, reconheceu que a nova regra reduz a probabilidade de equipes pouparem pneus para correr até o fim, mas destacou que a falta de janelas claras para pit stops ainda limita as oportunidades de estratégia. “Será interessante, mas Mônaco é Mônaco. A classificação ainda é o que define a corrida,” disse ele.
Para garantir o cumprimento da nova regra, a FIA estabeleceu punições severas: pilotos que não utilizarem três conjuntos de pneus podem ser desclassificados ou receber 30 segundos de penalidade no tempo total de prova. Apesar disso, as táticas de manipulação de ritmo mostraram que a regra não foi suficiente para resolver os problemas do circuito. A corrida de 2025, vencida por Lando Norris, teve momentos de tensão, mas não entregou o espetáculo esperado, com pilotos e equipes explorando brechas para maximizar resultados.
O GP de Mônaco de 2025 reacendeu o debate sobre como tornar a corrida mais emocionante. Enquanto a FIA tenta revitalizar o evento com mudanças no regulamento, a essência do circuito – suas curvas apertadas e a dificuldade de ultrapassagem – continua sendo um obstáculo. As críticas dos pilotos e a comparação com Mario Kart refletem a frustração com um esporte que, em Mônaco, parece mais uma gestão de estratégias do que uma competição de velocidade. Para 2026, a Fórmula 1 planeja carros menores e mais leves, o que pode facilitar ultrapassagens, mas, por enquanto, Mônaco permanece como um desafio único – e polêmico.
A temporada de 2025 segue para o GP da Espanha, onde as equipes esperam deixar para trás as controvérsias de Mônaco. Mas uma coisa é certa: o Principado continua a dividir opiniões, entre o glamour intocável e a necessidade de inovação para manter a relevância no calendário da Fórmula 1.