O Grande Prêmio da Emília-Romanha, realizado no icônico circuito de Imola, foi palco de mais um capítulo tenso na temporada 2025 da Fórmula 1. A Ferrari, que já enfrentava críticas por seu desempenho abaixo do esperado, viu a situação se agravar com uma polêmica envolvendo Lewis Hamilton e seu engenheiro de corrida, Riccardo Adami. Durante a classificação, uma crise de freios no carro de Hamilton expôs falhas de comunicação e decisões questionáveis, culminando em um apelo ignorado que deixou o heptacampeão visivelmente frustrado. Vamos analisar o que aconteceu e por que esse episódio está gerando tanta repercussão.

A sessão de classificação em Imola foi um pesadelo para a Ferrari. Charles Leclerc terminou em 11º, enquanto Lewis Hamilton, em sua primeira temporada com a Scuderia, ficou apenas em 12º – um resultado desastroso para a equipe que corre em casa, diante de milhares de tifosi. A pista de Imola, conhecida por sua exigência técnica, revelou as fraquezas do carro SF-25, que, segundo especialistas, não se adapta ao estilo de pilotagem de Hamilton. Mas o que realmente chamou a atenção foi a crise de freios enfrentada por Hamilton, que comprometeu sua performance e expôs tensões internas na equipe.
Durante o Q2, Hamilton relatou pelo rádio que sentia problemas significativos nos freios, com superaquecimento e perda de eficiência. “Os freios estão falhando, não consigo manter o ritmo!”, exclamou o britânico, em um tom de urgência. Ele pediu ajustes imediatos na configuração ou uma estratégia para mitigar o problema, mas a resposta de Riccardo Adami foi evasiva: “Estamos analisando, Lewis, continue assim.” Essa falta de ação direta irritou Hamilton, que, após a sessão, descreveu a situação como “uma loteria” e afirmou que nunca havia enfrentado um problema de freios tão grave em sua carreira.

A relação entre Hamilton e Adami tem sido marcada por altos e baixos desde o início da temporada. Após 12 anos trabalhando com Peter Bonnington na Mercedes, Hamilton ainda está se adaptando ao estilo de comunicação de Adami, que já foi engenheiro de Sebastian Vettel e Carlos Sainz. Incidentes anteriores, como discussões acaloradas no GP da Austrália e ironias de Hamilton no GP de Miami (“Façam uma pausa para o chá!”), mostram que a sintonia entre piloto e engenheiro está longe do ideal.
Em Imola, a crise de freios exigia uma resposta rápida, mas a hesitação de Adami em tomar uma decisão clara agravou a situação. Fontes próximas à equipe sugerem que a Ferrari estava dividida entre tentar salvar a volta rápida de Hamilton e evitar ajustes que poderiam comprometer ainda mais o carro. Essa indecisão custou caro: Hamilton não conseguiu avançar ao Q3, e a Ferrari perdeu a chance de competir pelas primeiras posições em sua corrida caseira.
Após a classificação, Hamilton não escondeu sua decepção. Em entrevistas, ele afirmou que a Ferrari representa “o maior desafio” de sua carreira, destacando as dificuldades de adaptação ao carro e à dinâmica da equipe. “Eu sabia que seria duro, mas não imaginava que seria assim. Estamos lutando, mas precisamos de decisões mais rápidas,” disse o heptacampeão. Apesar da frustração, Hamilton tentou manter o tom diplomático, evitando críticas diretas a Adami, mas sua linguagem corporal no paddock – onde quase “atropelou” um jornalista com uma patinete – revelou o quanto ele estava abalado.
O chefe da Ferrari, Frédéric Vasseur, defendeu a equipe, afirmando que “erros fazem parte do processo” e que a crise de freios será investigada. Vasseur também rebateu críticas sobre o desempenho de Hamilton, chamando de “besteira” a ideia de que a Ferrari está em queda livre. No entanto, a falta de resultados concretos – a única vitória de Hamilton foi na corrida sprint da China – aumenta a pressão sobre a equipe.
Com Hamilton e Leclerc largando fora do top 10, a Ferrari enfrenta um desafio monumental na corrida de domingo (18). Imola tem poucos pontos de ultrapassagem, e o ritmo de corrida da McLaren, liderada por Oscar Piastri, sugere que a Scuderia terá dificuldades para recuperar posições. Além disso, a crise de freios levanta preocupações sobre a confiabilidade do SF-25, especialmente em um momento em que a Ferrari planeja atualizações para o GP do Canadá, em junho.
Para Hamilton, o episódio de Imola é mais um obstáculo em uma temporada de adaptação. Apesar das dificuldades, ele mantém a confiança: “Ainda tenho fogo dentro de mim. Não vou desistir.” A torcida brasileira, por sua vez, segue acompanhando o desempenho de Gabriel Bortoleto, que brilhou ao chegar ao Q2 com a Sauber, mostrando que o futuro do automobilismo nacional está em boas mãos.
O GP da Emília-Romanha expôs as fragilidades da Ferrari em 2025: um carro problemático, falhas de comunicação e decisões lentas que custam caro. A crise de freios de Hamilton e a resposta insuficiente de Riccardo Adami são sintomas de um time que ainda não encontrou seu rumo. Enquanto a McLaren domina e a Red Bull se mantém competitiva, a Ferrari precisa agir rápido para evitar que a temporada se transforme em um fiasco. Para os tifosi, resta a esperança de que a corrida traga alguma redenção – mas, em Imola, o caminho para o pódio parece mais distante do que nunca.