“É REALMENTE INJUSTO COMIGO!”: Piastri criticou a McLaren por ser tendenciosa e antiética em suas ações ao dedicar todos os seus recursos técnicos (especialmente a suspensão) e suporte para dar a Norris uma vantagem nas corridas de Fórmula 1.

“Eles não foram justos comigo!” Piastri critica a McLaren por parcialidade e falta de ética na Fórmula 1.

A Fórmula 1 sempre foi uma arena altamente competitiva, onde velocidade, estratégia e trabalho em equipe convergem para definir campeões. No entanto, após o Grande Prêmio da Grã-Bretanha em Silverstone, uma polêmica abalou o paddock, colocando os holofotes sobre a equipe McLaren e seu piloto estrela, Oscar Piastri. O australiano, líder do campeonato de pilotos, não escondeu sua frustração após a corrida, afirmando sem rodeios: “Eles não foram justos comigo!” Suas críticas apontam diretamente para as decisões estratégicas da equipe, que, segundo ele, favoreceram seu companheiro de equipe Lando Norris, gerando um debate sobre ética dentro da equipe Papaya e suas prioridades na luta pelo título.

O incidente que gerou a polêmica ocorreu durante a corrida de Silverstone, marcada por mudanças climáticas e múltiplas interrupções do safety car. Piastri, que liderava a corrida, recebeu uma punição de 10 segundos por uma manobra considerada “errática” após frear bruscamente na reta Hangar, forçando Max Verstappen a fazer uma manobra evasiva para evitar uma colisão. A punição, que Piastri cumpriu durante seu pit stop na volta 43, custou-lhe a vitória, que acabou indo para Norris. No entanto, o que mais indignou o australiano não foi apenas a punição, mas o que ele percebeu como um tratamento desigual por parte da McLaren, especialmente na alocação de recursos técnicos, como melhorias na suspensão, projetadas ao longo de meses e destinadas, segundo ele, a dar vantagem a Norris.

Piastri não hesitou em expressar sua frustração ao sair do carro. “Parece que não dá mais para frear atrás do safety car. Eu já tinha feito isso cinco voltas antes sem problemas, mas desta vez fui penalizado. Não direi muito mais porque isso me causaria problemas, mas não acho que a punição tenha sido justa”, comentou em tom contido, mas decepcionado. Sua mensagem mais marcante veio pelo rádio no final da corrida, quando sugeriu que a equipe o permitisse trocar de posição com Norris para corrigir o que considerava uma injustiça. “Sei que é um pedido grande, mas se vocês também não acham justo, devemos trocar de posição e correr”, disse o australiano, ciente de que seu pedido era mais um ato de desafio do que uma expectativa realista.

O diretor da equipe, Andrea Stella, respondeu às críticas de Piastri, defendendo a posição da McLaren. Segundo Stella, a punição foi “muito severa” e não levou em consideração fatores como a saída tardia do safety car ou as condições da pista. “Acreditamos que a coisa certa a fazer era discutir a situação após a corrida, analisando cuidadosamente as opiniões dos pilotos envolvidos. Oscar expressou sua opinião, que valorizamos, pois sempre incentivamos nossos pilotos a expressarem suas opiniões”, explicou Stella. No entanto, o italiano deixou claro que a equipe decidiu não alterar a ordem da corrida, argumentando que, ao trocar para pneus de pista seca, era justo manter a “ordem natural” após a punição.

A controvérsia não termina na pista. De acordo com fontes próximas à equipe, a McLaren tem investido recursos significativos na otimização do carro de Norris, particularmente no que diz respeito às melhorias na suspensão que vêm sendo testadas desde o Grande Prêmio do Canadá. Essas melhorias, desenvolvidas ao longo de dois meses e meio, teriam dado a Norris uma vantagem em termos de estabilidade e velocidade nas curvas, algo que Piastri considerou uma falta de justiça. Um usuário da plataforma X apontou essa disparidade, afirmando que “a McLaren priorizou Norris em relação a Piastri desde o Canadá, concentrando as melhorias técnicas apenas em seu carro”. Embora essa informação não tenha sido oficialmente confirmada, ela alimentou especulações sobre um possível favoritismo dentro da equipe.

O contexto dessa situação não é novo. Desde que chegou à McLaren em 2023, após uma saída controversa da Alpine, Piastri provou ser um competidor feroz, mas também um piloto que preza pela transparência e justiça. Sua transferência para a McLaren, que desencadeou uma batalha judicial com a Alpine, já havia questionado sua “integridade”, de acordo com o então chefe da Alpine, Otmar Szafnauer. No entanto, o CEO da McLaren, Zak Brown, saiu em defesa de Piastri na época, questionando a credibilidade de Szafnauer e destacando a clareza do contrato do australiano com a McLaren. “Não houve nenhum caso. Tínhamos um contrato válido, registrado na CRB em julho, e tudo estava claro”, afirmou Brown em 2022, em uma declaração que repercutiu por todo o paddock.

A relação entre Piastri e Norris tem sido um dos pontos fortes da McLaren. Ambos os pilotos mantêm uma dinâmica de respeito mútuo, respaldada pelas “Regras da Papaya” da equipe, que permitem corridas na pista desde que não prejudiquem os interesses da equipe. No entanto, incidentes como a colisão de Norris com Piastri no Canadá e a manobra agressiva de Piastri na Curva 4 na Áustria testaram essa harmonia. Brown, em recente coletiva de imprensa, insistiu que ambos os pilotos podem lutar pelo título e continuar amigos. “A relação entre eles é fantástica. Eles mostraram que podem correr duro, mas de forma justa, e acho que continuarão sendo bons companheiros de equipe”, afirmou.

Apesar das palavras de Brown, a situação em Silverstone deixou marcas em Piastri. Seu comportamento calmo, apelidado por alguns de “assassino silencioso australiano”, deu lugar a uma rara demonstração de fúria contida. O comentarista da Sky F1, Martin Brundle, resumiu perfeitamente: “Esta é a primeira vez que vemos o lado furioso de Oscar. Aquele fogo competitivo sempre esteve lá, mas agora o vimos cru.” Este episódio revelou a determinação de Piastri em não desistir de sua luta pelo campeonato, mesmo que isso signifique enfrentar sua própria equipe.

Com a temporada de Fórmula 1 chegando à metade, a McLaren lidera o Campeonato de Construtores com 460 pontos, bem à frente da Ferrari e da Mercedes. Piastri, com 216 pontos, mantém uma vantagem de 15 pontos sobre Norris no Campeonato de Pilotos, mas tensões internas podem complicar a situação. A próxima corrida em Spa-Francorchamps, em 27 de julho, será crucial para ver se a McLaren consegue equilibrar os esforços entre os dois pilotos ou se as críticas de Piastri forçarão a equipe a repensar sua estratégia.

O caso de Piastri não só questiona as decisões da McLaren, como também levanta questões mais amplas sobre ética na Fórmula 1. Até que ponto uma equipe deve priorizar um piloto em detrimento de outro? É justo que melhorias técnicas beneficiem um piloto mais do que o outro na luta pelo título? A resposta não é simples, mas o que está claro é que Piastri não está disposto a permanecer em silêncio. Sua coragem em se manifestar, mesmo sabendo que seu pedido não seria aceito, mostra que o australiano não é apenas um talento nas pistas, mas também um competidor que exige respeito e justiça. À medida que a temporada avança, todos os olhares estarão voltados para a McLaren para ver como eles lidam com essa tempestade interna e se conseguem manter a unidade em seu caminho para o sucesso.

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