A Fórmula 1 foi abalada por uma notícia bombástica em 9 de julho de 2025: a Red Bull Racing anunciou a demissão de Christian Horner, chefe de equipe e CEO da escuderia por duas décadas, em uma decisão que pegou o paddock de surpresa. A saída de Horner, um dos dirigentes mais longevos e bem-sucedidos da história da categoria, marca o fim de uma era para a equipe austríaca, que sob seu comando conquistou seis títulos de construtores e oito de pilotos, incluindo quatro com Max Verstappen. A decisão, segundo fontes próximas, foi uma cartada estratégica para assegurar a permanência do tetracampeão mundial até 2026, em meio a rumores de uma possível transferência para a Mercedes e a uma crise de desempenho que colocou a Red Bull na quarta posição do Mundial de Construtores.

Horner assumiu a Red Bull em 2005, quando a equipe ainda era uma novata na Fórmula 1. Com visão estratégica, ele transformou o time em uma potência, apoiando talentos como Sebastian Vettel e Max Verstappen e trabalhando ao lado de gênios como o projetista Adrian Newey. Sob sua liderança, a Red Bull acumulou mais de cem vitórias e se tornou referência em inovação e competitividade. No entanto, os últimos 18 meses foram marcados por desafios que abalaram sua posição. A equipe perdeu o título de construtores para a McLaren em 2024 e, em 2025, amargou resultados decepcionantes, ficando atrás de McLaren, Mercedes e até da Ferrari. A saída de figuras-chave como Newey, que migrou para a Aston Martin, Rob Marshall, agora na McLaren, e Jonathan Wheatley, rumo à Sauber, expôs fragilidades na estrutura da equipe.
Além das questões esportivas, Horner enfrentou polêmicas fora das pistas. Em 2024, ele foi alvo de uma investigação interna por denúncias de comportamento inadequado envolvendo uma funcionária da equipe. Apesar de absolvido, o caso gerou divisões internas, com críticas públicas de Jos Verstappen, pai de Max, e tensões com o consultor Helmut Marko. A funcionária que fez a denúncia foi suspensa e posteriormente demitida, o que intensificou a percepção de instabilidade. A relação entre Horner e a família Verstappen nunca se recuperou completamente, e o piloto holandês chegou a sugerir que poderia deixar a equipe caso Marko fosse afastado, o que colocou ainda mais pressão sobre o então chefe.

A decisão de demitir Horner foi conduzida por Oliver Mintzlaff, CEO de projetos corporativos da Red Bull, com o apoio dos proprietários Chalerm Yoovidhya e Mark Mateschitz. Segundo o jornal alemão Bild, o plano foi traçado em segredo, culminando em uma reunião em Londres onde Horner foi informado de sua saída. A escolha de Laurent Mekies, ex-chefe da Racing Bulls, como novo CEO, reflete a tentativa da Red Bull de reestruturar a equipe e recuperar a competitividade. Mekies, que tem experiência na Ferrari e na própria Racing Bulls, assume com a missão de estabilizar o time e preparar o terreno para 2026, quando a Red Bull estreará seu próprio motor em parceria com a Ford.
O principal objetivo da demissão, no entanto, parece ser manter Max Verstappen, cujo contrato vai até 2028, mas inclui cláusulas de desempenho que permitem uma saída antecipada. Verstappen, atualmente terceiro no Mundial de Pilotos, com 165 pontos, atrás de Oscar Piastri, da McLaren, expressou frustração com o carro de 2025, que não entrega o desempenho esperado. Rumores de conversas com a Mercedes, liderada por Toto Wolff, ganharam força, e a Red Bull, temendo perder seu maior ativo, optou por sacrificar Horner. Posts nas redes sociais, como um de @ItsYounesTalk, sugerem que a equipe ofereceu a Verstappen um novo contrato com aumento salarial significativo, reforçando o esforço para mantê-lo.
A saída de Horner, porém, não resolve todos os problemas. A Red Bull enfrenta o desafio de desenvolver um motor competitivo para 2026, um projeto ambicioso que será crucial para o futuro da equipe. A Ford, parceira na Red Bull Powertrains, afirmou que a demissão não afeta o compromisso com o programa, mas a pressão por resultados é enorme. Além disso, a instabilidade no segundo assento, com trocas constantes entre Sergio Pérez, Liam Lawson e Yuki Tsunoda, evidencia a necessidade de uma estratégia mais consistente.
A demissão de Horner pode custar caro à Red Bull. Segundo o The Telegraph, a rescisão de seu contrato, válido até 2030, pode chegar a 60 milhões de libras (cerca de R$ 449 milhões). Apesar do alto custo, a equipe parece disposta a pagar o preço para manter Verstappen e recuperar o protagonismo. Enquanto o paddock especula sobre o próximo destino de Horner – com rumores apontando para a Cadillac F1 Team, que estreia em 2026 –, a Red Bull foca em reconstruir sua imagem e desempenho. A jogada é arriscada, mas, para a equipe, garantir Verstappen é a prioridade máxima. O futuro dirá se a estratégia foi, de fato, uma jogada mestra.