Nos anais da história inglesa, poucas punições inspiram tanto horror quanto o enforcamento — uma prática macabra que ia muito além da execução. Embora o enforcamento fosse uma punição comum para criminosos, foi o espetáculo prolongado, público e agonizante do enforcamento na forca que deixou uma marca indelével na sociedade. Longe de um fim rápido, o enforcamento na forca tinha como objetivo maximizar o sofrimento, tanto para os condenados quanto como um aviso severo para os espectadores.

A Mecânica da Forca: Uma Jaula para os Condenados
A forca consistia em aprisionar criminosos em gaiolas de ferro com formato humanoide, que eram então penduradas em estruturas de madeira chamadas forcas em espaços públicos. Essas gaiolas eram projetadas para imobilizar os prisioneiros e expô-los aos elementos, à fome e ao olhar dos transeuntes. Em alguns casos, os condenados já estavam mortos e seus corpos eram exibidos como um dissuasor macabro. Em outros casos, eram colocados vivos na gaiola e sofriam uma morte lenta e agonizante por frio, desidratação ou fome.

As forcas em si eram normalmente erguidas em locais de destaque — ao longo de ruas, perto de mercados ou em cruzamentos — para garantir a máxima visibilidade. As gaiolas ficavam suspensas a cerca de nove metros do solo para evitar adulterações e frequentemente permaneciam no local por anos. Os corpos dentro delas se decompunham em esqueletos, enquanto pássaros e insetos bicavam os restos mortais. O ranger da gaiola ao vento e o fedor de carne em decomposição tornavam as forcas uma presença assombrosa nas comunidades onde estavam instaladas.
Uma punição baseada no medo e no espetáculo
Embora o enforcamento seja frequentemente associado à Grã-Bretanha do século XVIII, suas origens remontam à Idade Média. A prática tornou-se mais famosa em 1536, em Münster, Alemanha, onde líderes anabatistas foram enforcados. Suas gaiolas ainda estão em exibição hoje como uma lembrança aterrorizante. Na Inglaterra, o enforcamento atingiu seu auge na década de 1740 e se tornou a punição obrigatória para assassinos condenados por meio da Lei do Assassinato de 1752. Essa lei exigia que os corpos dos assassinos executados fossem dissecados publicamente ou enforcados para garantir sua humilhação póstuma.

“O interessante sobre enforcamentos é que eles não eram tão comuns”, disse Sarah Tarlow, professora de arqueologia na Universidade de Leicester. “Mas, quando aconteciam, causavam grande comoção e um impacto enorme.” De fato, um enforcamento público podia atrair milhares de espectadores, transformando o sofrimento de um criminoso em um evento comunitário grotesco. Para os moradores de uma forca, no entanto, a experiência era bem menos emocionante. O cheiro fétido de carne em decomposição e a visão macabra de um corpo balançando ao vento eram lembretes constantes de mortalidade e justiça.
Segregação de gênero e o destino do corpo
Curiosamente, as mulheres foram poupadas da forca, mas não por misericórdia. Como observa Tarlow, os corpos das mulheres eram considerados bens preciosos para cirurgiões e anatomistas e eram frequentemente dissecados em vez de exibidos publicamente. Os homens, no entanto, suportaram todo o horror da forca. Entre 1752 e 1832, 134 homens na Inglaterra foram “enforcados em correntes” e seus corpos deixados para apodrecer à vista de todos. Somente em 1834 essa prática foi proibida, marcando o fim de uma era de punições particularmente brutais.
Um legado de terror
Ser enforcado na forca era mais do que uma punição; era um espetáculo cuidadosamente orquestrado, projetado para espalhar o medo e reforçar a ordem social. A visão de um corpo — vivo e sofrendo ou morto e em decomposição — servia como um aviso sombrio para potenciais infratores. Vestígios dessa prática ainda sobrevivem hoje na forma de forcas preservadas por todo o Reino Unido, algumas das quais ainda contêm fragmentos de restos mortais humanos, como um crânio em exposição.
O verdadeiro horror da execução não residia no ato da execução, mas no sofrimento prolongado e na humilhação pública que ela acarretava. Para os condenados à forca, a morte não era o fim, mas o início de um castigo que atingiria tanto os vivos quanto os mortos.